domingo, 12 de agosto de 2007

Os limbos


Os Limbos


8 — É verdade que a Igreja admite para certos casos particulares uma situação especial. As crianças mortas em tenra idade, não tendo praticado o mal, não podem ser condenadas ao fogo eterno. De outro lado, não tendo praticado o bem, não possuem nenhum direito à felicidade suprema. São então, diz ela, enviadas aos limbos, situação mista e jamais definida, na qual, embora não sofrendo não gozam também da felicidade perfeita. Mas desde que a sua sorte já está irrevogavelmente fixada, elas estão privadas da felicidade por toda a eternidade.
Essa privação, desde que não dependeu delas, equivale a um suplício eterno imerecido. Acontece o mesmo com o selvagem, que não tendo recebido a graça do baptismo e as luzes da religião, pecam por ignorância, abandonando-se aos instintos naturais e não podem ter culpa nem mérito como os que agem em conhecimento de causa.


A simples lógica repele semelhante doutrina em nome da justiça de Deus. Porque esta justiça encontra-se toda nestas palavras do Cristo: "A cada qual segundo suas obras". Mas é necessário entender por isso as boas ou más obras que se praticam livremente, voluntariamente, pois são as únicas que acarretam responsabilidade. Não é esse o caso da criança, nem do selvagem ou qualquer outro cujo esclarecimento não tenha dependido da sua própria vontade.
Referência: O céu e o inferno

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