sábado, 20 de outubro de 2007

A revelação do mundo


A Revelação do Mundo


O Mundo vem se revelando aos homens lentamente, através dos milénios em que as gerações se sucedem. Mas a verdade é que, somente neste século, graças a um extraordinário aceleramento das Ciências, a sua realidade começa a desvendar-se aos nossos olhos. Quando o homem apareceu na Terra o Mundo já era velho de muitos milhões de anos. Esse animal curioso, dotado de inteligência indagadora, começou por conhecer apenas a epiderme do mundo, assim mesmo em reduzida extensão. Vivendo e se multiplicando entre mistérios e assombros, as gerações humanas formaram uma imagem do Mundo que hoje nos aparece como um quadro fantástico de pintor paranormal. Revelações simbólicas foram feitas aos homens sobre as origens do mundo, sua natureza e sua finalidade. As mais complexas e significativas permaneceram nas tradições dos povos e nas suas Escrituras Sagradas. Entre elas se destaca a do livro bíblico Génese, atribuído a Moisés e adoptado nas igrejas judaicas e cristãs como verdade indiscutível. De outro lado, graças à espantosa capacidade intuitiva dos gregos, surgiram as primeiras explicações humanas e racionais das origens. Com Leucipo e Demócrito, por exemplo, surgiu em Atenas a ideia do átomo, que seria uma partícula infinitesimal e indivisível, da qual todas as coisas seriam feitas. À ideia judaica de que Deus tirara o Mundo do nada apenas com sua voz, com o seu verbo, os gregos opunham a ideia do átomo, da água, do fogo, do ar, e a notável concepção matemática de Pitágoras, segundo a qual Deus era o número Um, que pairava solitário no Inefável e, de repente, por um estremecimento, produzira o número três e desencadeara a década, a sequência de números de um a dez formando o Mundo.


Essas ideias conflitivas reduziram-se, com o avanço cultural, a duas concepções opostas: a religiosa, considerada definitiva e a única verdadeira, e a científica, baseada em hipóteses que exigiam longas pesquisas para a sua comprovação. No século XIX o problema continuava num impasse. A Igreja sustentava a verdade da revelação feita a Moisés pelo próprio Deus, e as Ciências se empenhavam nas investigações possíveis da verdade oculta. A maioria das pessoas cultas rejeitava a explicação bíblica ou a tomava apenas como simbólica, aguardando uma futura explicação dos símbolos. A massa popular flutuava entre uma posição e outra, tendendo cada vez mais para a descrença em Deus e a aceitação das ideias materialistas. Nesse tempo desencadearam-se as manifestações espíritas espontâneas, nos Estados Unidos e na Europa, chamando a atenção dos cientistas para esses fatos estranhos. O professor Denizard Rivail, bacharel em ciência e pedagogo, discípulo de Pestalozzi, director de estudos da Universidade de França, na qual suas obras pedagógicas haviam sido adoptadas, interessou-se pelo assunto, por insistência de amigos, e acabou se empolgando com o assunto. Dedicou-se primeiramente à observação dos fenómenos, sobre os quais formulou várias hipóteses materialistas. Verificou depois, nas famosas experiências com as meninas Boudin, uma de 14 e outra de 16 anos, que era inegável a intervenção de uma inteligência estranha ao ambiente. Entregou-se então a sérias pesquisas científicas e conseguiu demonstrar que a inteligência produtora dos fenómenos era humana. A continuidade das pesquisas provou que os manifestantes eram Espíritos de pessoas falecidas. Fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, para dar regularidade e maior precisão às pesquisas. Em 1857, lançou O Livro dos Espíritos, obra com a qual fundava o Espiritismo. Estava iniciada uma fase nova e difícil no campo das Ciências. A posição materialista das Ciências, voltadas para a realidade exclusivamente sensorial, levou-as a rejeitar a Ciência Espírita e condená-la como destituída de bases científicas. Mas Kardec declarou a incompetência das Ciências materialistas para opinar sobre o assunto e prosseguiu nas pesquisas e na divulgação de seus resultados através da Revista Espírita, que fundou para esse fim. Grandes cientistas e renome escritores, expoentes da cultura francesa, interessaram-se pelos fenómenos e o apoiaram individualmente. Na Sociedade Parisiense, Camille Flammarion, o grande e famoso astrónomo, director do Observatório de Jouvisy, que se revelara médium psicógrafo, recebeu numerosas mensagens de Galileu sobre questões de Astronomia. O famoso teatrólogo Victorien Sardou, que não era e nunca fora desenhista, ilustrava com desenhos mediúnicos as informações dos Espíritos sobre os mundos do espaço sideral.


Foi nesse ambiente de entusiasmo pela pesquisa espírita e seus resultados positivos, que o professor Denizard Rivail, já então conhecido pelo pseudónimo de Allan Kardec, resolveu elaborar uma obra sobre a Génese, a criação da Terra e não o livro bíblico. Não obstante, tratava do livro em comparação com a nova concepção da origem planetária que surgia das pesquisas e da Doutrina Espírita. Em Janeiro de 1868 lançava o livro nas livrarias de Paris, levantando celeumas e críticas, mas também colhendo aplausos e louvores. A Génese foi a obra que encerrou a Codificação do Espiritismo. Um ano depois, Kardec falecia, deixando seu corpo sepultado no Cemitério de Père-Lachaise e retornando ao Mundo Espiritual, que revelara cientificamente aos homens. Seu túmulo, até hoje, é o único do famoso cemitério que se mantém permanentemente coberto de flores, pela devoção de franceses, belgas e pessoas de outros países vizinhos da França. Os seus admiradores recompensam, assim, com as generosas e permanentes ofertas de flores, os espinhos que teve de enfrentar na Terra, como homem pobre e dedicado aos estudos e pesquisas dos fenómenos espíritas. O Espiritismo deu origem às hoje chamadas pesquisas do paranormal. A antiga Parapsicologia alemã, a Ciência Psíquica inglesa, a Metapsíquica de Richet, na própria França, e a Parapsicologia actual nasceram das entranhas da Ciência Espírita e confirmam em nosso século a plena validade dessa Ciência.


Referência:A génese

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