segunda-feira, 18 de junho de 2007

As causas das mortes colectivas


AS CAUSAS DAS MORTES COLECTIVAS

Através da reencarnação, Doutrina Espírita mostra que há lógica nas tragédias que chocam a todos nós. Como conciliar a afirmativa de Jesus de que “a cada um será dado segundo as
suas obras”, com as desencarnações colectivas provocadas pelo terramoto mais violento
dos últimos quarenta anos, ocorrido no dia 26 de Dezembro de 2004, que ao produzir
ondas gigantescas (tsunamis), destruiu a região litoral do Sul da Ásia, matando
centenas de milhares de pessoas?


Como aplicar o ensinamento do Cristo às mortes colectivas que aconteceram num
incêndio de grandes proporções em uma discoteca de Buenos Aires, no final de
Dezembro, e que provocou a morte de 175 pessoas; ou aos óbitos registrados no
terramoto que atingiu a cidade de Bam, no Irão, no final de 2003, que matou milhares de
pessoas de todas as idades e condições sociais; ou ainda, às verificadas no acidente de
avião no Egipto, que provocou a morte de 148 pessoas que estavam a bordo, em 3 de
Janeiro de 2004? Enfim, como explicar todos esses e muitíssimos outros factos dramáticos
sob a óptica da Justiça Divina?


Para melhor entendermos a questão das expiações colectivas, esclarece o Espírito
Clélia Duplantier, em Obras Póstumas, que é preciso ver o homem sob três aspectos: o
indivíduo, o membro da família e, finalmente, o cidadão. Sob cada um desses aspectos
ele pode ser criminoso ou virtuoso. Em razão disso, existem as faltas do indivíduo, as da
família e as da nação. Cada uma dessas faltas, qualquer que seja o aspecto, pode ser
reparada pela aplicação da mesma lei.


A reparação dos erros praticados por uma família ou por um certo número de
pessoas é também solidária, isto é, os mesmos espíritos que erraram juntos reúnem-se
para reparar suas faltas. A lei de acção e reacção, nesse caso, que age sobre o indivíduo, é
a mesma que age sobre a família, a nação, as raças, enfim, o conjunto de habitantes dos
mundos, os quais formam individualidades colectivas.


Tal reparação se dá porque a alma, quando retorna ao Mundo Espiritual, toma
consciência da responsabilidade própria, faz o levantamento dos seus débitos
passados e, por isso mesmo, roga os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.


FAMILIA MORRE QUEIMADA


Vejamos agora como funciona a lei de acção e reacção para redimir culpas passadas
de diversos membros de uma família que, por vingança, incendiaram a casa de um
vizinho pela madrugada, matando todos dentro da casa. Os espíritos que compunham a
família criminosa, ao reencarnarem unidos novamente pelos laços consanguíneos,
expiaram seus crimes num desastre, no qual o carro em que viajavam pegou fogo,
morrendo todos queimados dentro do veículo.


Como se vê, cada membro da família reparou individualmente os crimes cometidos
na encarnação anterior, dentro do resgate colectivo. De facto, a dor colectiva é o remédio que
corrige as falhas mútuas. No entanto, cada um só é responsável pelas suas próprias
faltas como determina a Justiça Divina, ou seja, como indivíduos ou como membros de
uma colectividade, todos nós somos responsáveis pelos nossos actos perante as leis de
Deus.


Segundo Emmanuel, nós “criamos a culpa e nós mesmos decidimos os
processos destinados a extinguir-lhe as consequências. E a Sabedoria Divina se vale dos
nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e
progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança. É por
este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais
experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida”.


Tais apontamentos foram feitos ao final do capítulo intitulado “Desencarnações
Colectivas”, no livro Chico Xavier Pede Licença, quando o benfeitor espiritual responde
porque Deus permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como
nos casos de incêndios.


TERREMOTOS


Imaginemos guerreiros do passado que destruíram cidades, arrasaram lares,
matando mulheres e crianças sob os escombros de suas casas, fazendo milhares de
vítimas. É lógico que os espíritos desses guerreiros, ao reencarnarem na Terra em novos
corpos, atraídos por uma força magnética pelos crimes praticados colectivamente, se
reúnem em determinadas circunstâncias, e sofrem “na pele” por meio de um terramoto ou
outra catástrofe semelhante, o mesmo mal que fizeram às suas vítimas indefesas de
ontem.


ACIDENTES DE AVIÃO


O espírito André Luiz, no capítulo 18 do Livro Acção e Reacção, psicografado por
Chico Xavier, esclarece que piratas que afundaram e saquearam criminosamente
embarcações indefesas no dorso do mar, ceifando inúmeras vidas, agora encarnados em
outros corpos, morrem colectivamente nos acidentes de avião.


TRAGÉDIA DO CIRCO


No dia 17 de Dezembro de 1961, na cidade de Niterói, em comovedora tragédia
num circo, a justiça da lei, através da reencarnação, reaproximou os responsáveis em
diversas posições da idade física para a dolorosa expiação, conforme relata o Espírito
Humberto de Campos, pelo médium Chico Xavier, no livro Crónicas de Além Túmulo. Os
que morreram no século XX no circo de Niterói foram os mesmos que, no ano de 177 de
nossa era, queimaram cerca de mil crianças e mulheres cristãs numa arena de um circo
na Gália, região da França, na época do Império Romano.


OUTRAS CAUSAS


Ainda na mensagem “Desencarnações Colectivas”, o benfeitor espiritual Emmanuel
esclarece outros motivos para as mortes que se verificam colectivamente. Diz ele:
“Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos colectividades na
volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro
marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito
pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para enfrentarmos unidos o ápice de epidemias
arrasadoras.


Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do
ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim
de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de
sangue e lágrimas.


Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas
fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à
Terra para a desencarnação colectiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a
reencarnação”.


CONCLUSÃO


Diz Allan Kardec, nos comentários da questão 738 de O Livro dos Espíritos, que
“venha por um flagelo à morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de
morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é
que maior número parte ao mesmo tempo”.
E finalmente, segundo esclareceram os Espíritos Superiores a Allan Kardec, na
resposta à questão 740 de O Livro dos Espíritos, “os flagelos são provas que dão ao
homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação
ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de
abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo”.

Gerson Simões Monteiro
é Presidente da Fundação Cristã Espírita
C. Paulo de Tarso

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