quinta-feira, 24 de maio de 2007

lei do trabalho


Lei do Trabalho
Roque Jacinto

O TRABALHO

O trabalho, queiramos ou não, é uma lei da Natureza e, por isso, o trabalho é uma necessidade imperiosa de que não nos convém furtar.

A civilização, à medida que avança, consequentemente obriga o homem a mais trabalho, já que os tempos modernos aumentam as nossas necessidades e aumentam, consequentemente, os nossos prazeres.

Não devemos entender, porém que o trabalho seja tão só o das ocupações profissionais que nos asseguram o equilíbrio psíquico e os prazeres do corpo físico.

ATIVIDADE DO ESPÍRITO

O nosso Espírito, em si, deverá trabalhar tanto quanto o nosso próprio corpo físico, sabendo-se que toda ocupação útil é uma actividade necessária para o nosso próprio equilíbrio espiritual.

E toda ocupação útil é trabalho.

O trabalho em si, é consequência da nossa própria natureza física, impondo-se como o meio de superar-se e nos realizarmos e, ao mesmo tempo, é o mais apropriado recurso para aprimorar e ampliar a nossa própria inteligência.

Sem o trabalho, o ser humano permaneceria num estado primário da inteligência, incapaz de liberar-se para alcançar a maturidade espiritual necessária.

Somos induzidos a uma actividade útil, por necessitarmos de alimentação e segurança e de bem-estar e, nesse conjunto de necessidades naturais, somente o trabalho físico ou a actividade intelectual nos dá a sensação de vida e de bem-estar.

Aos que tenham um corpo físico frágil, o Pai Celestial lhes atribui mais inteligência, para que possam desempenhar um trabalho ajustado à sua própria fragilidade.

A NATUREZA

Dentro da Natureza todos trabalham, movimentando-se de acordo com o que podem e devam realizar e os próprios animais desempenham actividades, de acordo com os rudimentos de inteligência que alcancem dentro da Lei de Conservação.

O HOMEM

O trabalho do homem, contudo, tem uma dupla finalidade, ou seja, a da conservação do corpo físico e o do desabrochar o seu pensamento, o que lhe é uma necessidade imperiosa, já que somente o desenvolvimento de sua inteligência poderá elevá-lo acima de si mesmo.

OS ANIMAIS

O trabalho dos animais está voltado para a sua própria conservação e este é o objectivo de sua actividades primárias.

Entregando-se, contudo, a prover as suas próprias necessidades materiais, eles se tornam agentes, embora inconscientes, dos desígnios do Pai Celestial.

O trabalho que os animais desenvolvem, também contribui para o objectivo final da Natureza, se bem que não descubramos ainda qual seja o resultado imediato dessa actividade.

TRABALHO RELATIVO

Em planos mais amadurecidos do que o nosso, todos se acham dentro da mesma necessidade de trabalhar, convindo, porém, observar que a natureza de cada actividade guarda estreita relação com a natureza das necessidades de cada Espírito.
Mesmo que seja, portanto, material o trabalho, menos será a actividade material.
Não creia, porém, que em algum lugar do Universo Divino, possa a criatura permanecer inactiva e inútil, já que o não trabalho seria um suplício e não um benefício.

AÇÃO NO CAMPO DO BEM

O homem que possua bens suficientes para assegurar a sua própria existência poderá estar, talvez, livre do trabalho de ordem material. Ele deverá, contudo, render-se à obrigação de tornar-se útil, conforme com os meios de que disponha, a fim de aperfeiçoar a sua própria inteligência ou, então, para colaborar para que outros se aperfeiçoem e essa sua atitude é igualmente um trabalho.

Se o homem, a quem o Pai Celestial facultou bens suficientes para assegurar a sua existência não está certamente, constrangido a nutrir-se com o suor do seu rosto, mas a obrigação dele ser útil a seus semelhantes é muito mais, quanto mais ocasiões ele tem de praticar o Bem.

IMPOSSIBILIDADE DE TRABALHAR

Há seres humanos, é certo, que estão impossibilitados de trabalhar ou de desenvolver qualquer actividade útil, em função de circunstancias físicas ou mentais adversas.
Lembremo-nos, contudo, que o Pai Celestial é absolutamente justo e não submete a nenhum de seus filhos a um constrangimento aos que não podem, involuntariamente, exercer actividades materiais.

O que é condenável, portanto, dentro da Lei do Trabalho, é aquele que inutiliza a sua própria existência, fazendo-se um inútil, voluntariamente, no campo da vida, já que assim procedendo passa a ter uma existência inútil.

PAIS E FILHOS

A Lei da Natureza impõe a obrigação de trabalhar a favor de seus parentes e, muito principalmente, a obrigação de trabalhar a favor de seus pais mais idosos. O Pai Celestial criou, em cada um de nós, o amor filial e o amor paternal e maternal e, essa expressão de amor, passou a ser um sentimento instintivo e natural, a fim de que, por essa afeição recíproca, os membros de uma mesma família se amparem mutuamente.

Infelizmente, contudo, esse amor recíproco é facilmente esquecido pela nossa sociedade actual, notadamente quando se extrema a indiferença.

LIMITE DO TRABALHO

O repouso é, também, uma lei da Natureza, sem nenhuma dúvida, já que através do repouso, as forças físicas se recompõem e o repouso é também necessário, a fim de liberar um tanto mais a inteligência, para que o homem se exercite a pôr-se acima da própria matéria.

O limite do trabalho, por isso, está no limite da força física ou intelectual e, sobre esse limite, o Pai Celestial deixa o homem inteiramente livre, cabendo à criatura ajustar-se ao limite de sua própria capacidade produtiva.

EXCESSOS

Em algumas regiões da Terra e em algumas circunstâncias, alguém que utiliza a força dos trabalhadores poderá impor a seus subordinados um excesso de trabalho.
Esse excesso é, sem dúvida, uma má e irresponsável acção, já que todo aquele que tem o poder do mando, responderá pelo excesso do trabalho que imponha a seus subordinados e isso é uma transgressão da lei do Pai Celestial.

REPOUSO

Atingida a velhice, já com as forças físicas desgastadas, é justo que tenha o homem de repousar, uma vez que trabalho deverá ser sempre de acordo com as suas próprias forças físicas.

` Ocorre por vezes, no entanto, que o velho necessita trabalhar para viver e nem sempre dispõe de forças para tanto.

A regra justa da própria caridade é, neste caso, que o mais jovem deve trabalhar, para compensar a incapacidade do mais idoso.

Cabe, pois, à sociedade, como um todo, que se o velho não tenha família que o ampare, a sociedade deve, ampará-lo integralmente, já que no seu passado, esse homem trabalhou para muitos.

CONSIDERAÇÕES

Não basta alertar o homem sobre a obrigação de trabalhar. Faz-se necessário, acima de tudo, que aquele que tem do que se prover para a sua subsistência através do trabalho, encontre sempre no que se ocupar, facto este que nem sempre ocorre. Quando se generaliza a falta de emprego, estaremos sempre diante de um flagelo social e graves consequências, por se inclinarem os homens para a miséria.

A Ciência Económica, diante desse facto doloroso, deve buscar a solução desse desequilíbrio entre a produção e o consumo de bens, mas esse equilíbrio, se for possível obtê-lo experimentará sempre intermitências durante os intervalos do não-emprego e, naturalmente, nesses intervalos o trabalhador não deixa de ter que viver e sobreviver.

Há, contudo, um elemento que nem sempre se costuma pesar na balança e sem o qual a Ciência Económica não passa de simples e complexa teoria.
Esse elemento é a educação.

Não nos referimos, por certo, somente à educação intelectual, que poderemos absorver nos bancos escolares. Referimo-nos, isto sim, à educação moral.

Anote, contudo, que não nos referimos à educação moral obtida na leitura de livros e, sim, à educação que forma o carácter, aquela que interioriza hábitos saudáveis, ao conjunto de atitudes igualmente saudáveis.

Considerando-se, por outro lado, a massa de indivíduos que todos os dias se injecta na torrente da população terrena, sem princípios saudáveis, sem os freios morais e sujeitas, por isso, a seus próprios instintos rudimentares, por acaso poderemos ficar perplexos, espantados, com as consequências desastrosas de que isso resulta?

Quando a moral for conhecida, compreendida e praticada, o homem exercitará os hábitos da ordem e da previdência para consigo mesmo e para com os seus, respeitando a tudo o que é respeitável, sem fazer-se mesquinho e sem fazer-se perdulário.

Seus novos e saudáveis hábitos, portanto, lhe permitirão atravessar menos penosamente os inevitáveis maus dias.

Vejamos, pois, que a desordem e a imprevidência, são duas chagas dolorosas que somente uma boa educação moral poderá sanar.

A educação é o ponto de partida para alcançar o bem-estar mais contínuo, para consolidar a segurança de todos.

ECONOMIA DIRIGIDA

Para realizar a Lei do Trabalho, a economia deve de ser dirigida, no tocante à técnica de produção e aos processos de consumo.

Nada, contudo, deverá prejudicar a lei das trocas, já que qualquer ingerência nessa lei natural, resultará em graves consequências para toda a colectividade.
A vida, em si, depende de trocas contínuas e toda e qualquer restrição que se estabeleça, cria uma inversão de todos os valores da vida, dando margem à violência e ao extermínio.

DAS LEIS MORAIS – Roque Jacinto

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