sexta-feira, 20 de abril de 2007
espiritismo e filosofia
Espiritismo e Filosofia.
A origem do conceito de filosofia está na sua própria estrutura verbal, ou seja, na junção das palavras gregas philos e sophia, que significam "amor à sabedoria". Filósofo é, pois, o amante da sabedoria. Mas o que é a sabedoria? É um termo que significa erudição, saber, ciência, prudência, moderação, temperança, sensatez, enfim um grande conhecimento.
Na própria Grécia Antiga o termo filosofia passou a designar não apenas o amor ou a procura da sabedoria, mas um tipo especial de sabedoria. Aquela que nasce do uso metódico da razão, da investigação racional em busca do conhecimento. Platão distingue a doxa, opinião, ou seja, o saber que temos sem tê-lo procurado, e a episteme, a ciência, que é o saber que temos porque o procuramos. Então, a filosofia já não significa "amor à sabedoria", nem tampouco significa o saber em geral, qualquer saber; senão que significa esse saber especial que temos, que adquirimos depois de tê-lo procurado e de tê-lo procurado metodicamente.
Durante a Idade Média o saber humano dividiu-se em dois grandes sectores: teologia e filosofia. A teologia é o conhecimento acerca de Deus. A filosofia são os conhecimentos humanos acerca das coisas e da Natureza e até mesmo de Deus por via racional. Nesta situação a palavra "filosofia" continua designando todo o conhecimento, menos o de Deus. E assim adentrou muito o século XVII. (Garcia Morente, 1970, p. 26 a 29)
A partir do século XVII, o campo imenso da filosofia começa a partir-se. Saem do seio da filosofia as ciências particulares: as matemáticas, física, química etc. Assim, actualmente, a filosofia é uma ciência que estuda as leis mais gerais do ser, do pensamento, do conhecimento e da acção. É uma concepção científica do mundo como um todo, da qual se pode deduzir certa forma de conduta. (Bazarian, s. d. p., p. 37)
A Filosofia Espírita é a interpretação dos fenómenos verificados e estudados pela Ciência Espírita. Esses fenómenos revelam ao homem a estrutura do Universo, que é a seguinte, como vemos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec: Deus, Espírito e Matéria. Uma vez constatada essa realidade, e descoberto o mecanismo pelo qual o Espírito se manifesta através da matéria, cessa o trabalho da ciência, para começar a da filosofia”. (Allan Kardec) O carácter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que faz do Homem, sobretudo Espírito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinação. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relações dos Homens, que vivem na Terra, com aqueles que já se despediram dela, temporariamente, pela morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a existência, inquestionável, de algo que tudo ria e tudo comanda, inteligentemente - Deus. (Pedro Franco) O Espiritismo tem um aspecto filosófico porque, a partir dos fenómenos, dá uma interpretação da vida, isto é, responde àquelas perguntas que apresentamos (...) sobre o porquê da vida. De onde você veio e para onde você vai. A razão das desigualdades que observamos entre as criaturas. Trata-se de uma filosofia espiritualista porque admite, repito, com base nos factos mediúnicos e anímicos, a existência de um princípio espiritual no Universo, além do princípio material. Equivale dizer que o Espiritismo vê no ser humano, não apenas o corpo material, de carne e osso, de vísceras e sangue, de nervos e hormonas, mas também aquilo a que as religiões, há séculos, deram o nome de alma.
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