quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A cremaçao


A cremação

O espiritismo não proíbe a cremação de cadáveres, até porque nele nada é proibido, visto ser uma doutrina de liberdade, uma Doutrina de consciencialização. Contudo, aconselha muita cautela a quem vier a adoptar a cremação, em substituição do enterro, pelos seguintes motivos.


O perispírito


O nosso corpo material, físico, que não é senão energia densificada, está ligado ao espírito (o ser inteligente de essência sublimada) através do perispírito – o elemento intermediário entre os dois corpos, que possuem constituições completamente diferentes. O perispírito, é o invólucro semi- material que envolve o espírito, e é formado por uma substância etérea e diáfana, que é mais fluidica do que material, sendo esta sua parte material muito mais etérea, menos densa, do que a matéria que compõe o corpo físico.

Para dar vida ao corpo físico, o perispírito liga-se a ele célula a célula e elemento a elemento, como se fossem feixes de fios fluídicos a estabelecerem a interligação celular material com o espírito. Assim, qualquer coisa que aconteça no corpo material, o espírito, sabe-o imediatamente, através desta ligação e vice - versa: todas as decisões, ordens, desejos, vontades e sentimentos do espírito, chegam ao corpo físico ou reflectem nele por esse mesmo canal fluídico.


Por exemplo, quando cortamos acidentalmente um dedo, as células danificadas comunicam ao espírito o traumatismo ocorrido, e este por consequência sente a dor, visto que não é a matéria que sente, mas sim o espírito. E o contrario também é verdadeiro; quando, por exemplo, o espírito decide levantar o braço direito do corpo físico, este obedece à ordem e levanta-se, porque as instruções emitidas pelo espírito (a sua vontade), são transmitidas as células nervosas do cérebro físico que simplesmente obedecem, transmitindo o desejo do espírito de – neste caso - levantar o braço direito. O cérebro funciona assim como um mero receptor da ordem do espírito, e acciona a rede nervosa que atinge o órgão envolvido – o braço direito.

É também por meio desta ligação fluidica que é o perispírito, que o espírito derrama para o corpo físico todos os seus sentimentos, sejam estes bons ou maus: alegria, tristeza, serenidade, angústia, amor, ódio, e muitos mais, que irão revitalizar as células materiais (se forem sentimentos positivos) ou nelas gerar perturbações (se forem sentimentos negativos) que podem complicar-se, provocando mal - estar e inclusivamente doenças.


A morte


O fenómeno da morte consiste apenas no desligar de todos os fios fluidicos que prendem o perispírito ao corpo físico, libertando deste modo o espírito da sua prisão material. Assim que se verifica o desatar destes fios fluídicos, o espírito deixará de poder voltar a animar o seu ex- veiculo de carne.


A força do pensamento


Se, como acabamos de ver, o espírito fica completamente desligado do corpo físico com a morte, poder-se-ia concluir que tudo o que se fizesse a partir daí com o cadáver não atingiria o espírito, devido à falta de ligações entre ambos. Portanto, poder-se-ia cremar, retalhar ou deitar as feras os cadáver, que o espírito não sentiria qualquer dor.

Mas as coisas não são bem assim, porque apesar do espírito já não ter o corpo material continua a pensar, e a ter desejos e sentimentos.


No Evangelho de Mateus (6:21), Jesus disse: “onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração”.

Neste caso, o tesouro seria o corpo carnal, e o coração seria o nosso pensamento, o nosso sentimento.

Para o individuo que ainda não esta muito espiritualizado e que viveu na Terra muito agarrado aos bens materiais e ao próprio corpo físico, a morte não impede que o pensamento do seu espírito esteja concentrado no seu cadáver por uma espécie de saudade, devido ao recente falecimento e também por reconhecer que, daí em diante, não poderá usufruir do corpo material para fazer tudo aquilo que estava acostumado a fazer….


Quando isso acontece (e é bastante frequente), o espírito fica como se tivesse sido algemado à carne que o envolveu na terra e, caso o cadáver seja cremado, vê com angústia as labaredas a queimarem os seus restos mortais, porque, como Jesus sabiamente afirmou, o “seu tesouro” este ali, naquele corpo material que está a ser bruscamente destruído pelo fogo….

Sabemos que há espíritos muito evoluídos e, por isso mesmo, muitíssimo espiritualizados, que

Reencarnam na Terra, mas também sabemos que são raros e que se encontram aqui para levarem a cabo missões específicas em diversas áreas do conhecimento, a fim de ajudarem a humanidade a acelerar o seu progresso evolutivo.


Quando desencarnarem, os corpos materiais desses espíritos podem ser cremados à vontade, porque isso em nada ira afectar a sua sensibilidade, visto que vivem muito ligados à Espiritualidade do que a própria matéria.

Mas não é isso que acontece com a esmagadora maioria das pessoas, da qual fazemos obviamente parte. Somos espíritos que estamos num processo de evolução embora fragilizados pela acumulação de imperfeições que possuímos. Devido a estas condições, tudo o que é material ainda nos impressiona e sensibiliza vivamente, inclusivamente àqueles que são ou dizem ser, espíritas. Em maior ou menor grau, há sempre alguma circunstância que nos prende à matéria e por isso as labaredas da cremação podem “chamuscar” os espíritos, fazendo com que se ressintam deste acontecimento que para eles, é dramático.

Uma coisa parecida acontece quando nas reuniões mediúnicas comparece um espírito em sofrimento, por exemplo, alguém que desencarnou com um tiro no coração. Ele aproxima-se do médium ainda a sentir as dores no coração, provocadas pelo tiro que o vitimou, e passa essas dores para o médium, embora mais suavizadas. Como desencarnou, já não tem coração e, portanto, não devia estar a sentir qualquer dor…. Mas como o acto da sua desencarnação foi muito traumatizante para ele, isso faz com que vá conservar durante muito tempo o seu pensamento concentrado no que aconteceu, e é isto que causa o seu sofrimento.

Nos casos em que o cadáver não é cremado mas sim sepultado, se o espírito tiver sido muito agarrado a tudo o que era material, pode também ficar no cemitério junto à sua sepultura e assistir, desesperado, à decomposição gradual do seu corpo, sentindo inclusivamente os vermes corroerem a sua carne e devido a isso, sofrer também muito.


No entanto, há uma diferença capital entre cremação e o enterro.

Na cremação, tudo se processa muito rapidamente, em poucos minutos, enquanto que no sepultamento, a decomposição do cadáver é lenta, permitindo assim que o espírito possa ser devidamente, socorrido, orientado e esclarecido, para, a pouco e pouco, desviar o seu pensamento para coisas mais importantes.

O Irmão X adverte-nos de que a atitude da cremação é um tanto ou quanto precipitada, podendo vir a ter consequência desagradáveis para o espírito que desencarna: “… morrer, não é libertar-se facilmente…”

Para quem atravessou a existência na Terra entre abstinências e sacrifícios, a arte de dizer adeus é qualquer coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo espírito, mas para o mortal comum, habituado aos comes e bebes de cada dia, para os poderosos do mundo, para os campeões do conforto material e para os felizes exemplos do prazer humano, quer sejam novo ou velhos, a cadaverização não é uma tarefa que se faça nalgumas horas…


Requer tempo, esforço, ajuda e boa vontade.

Esta é a razão pela qual, se pudéssemos, pedíamos tempo para os mortos…

Se a lei divina dá nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana também já dá aos trabalhadores o benefício do aviso prévio quando são despedidos, por que razão o morto deve ser reduzido a cinzas com a carne ainda quente?...

Léon Denis , na sua obra O problema do ser, do destino e da dor, comenta que ao consultar os espíritos sobre a cremação conclui que, regra geral, esta causa um desligar mais rápido mas que , no entanto, é brusco e violento, e até mesmo doloroso para as almas que estão agarradas à Terra pelos hábitos, gostos e paixões.


Para se sofrer sem traumas a cremação, é preciso haver um certo distanciamento psíquico, um despego antecipado dos laços materiais; é o que se dá na maior parte dos países orientais, onde a cremação é usada há séculos.

Contudo nos países ocidentais, em que o homem psíquico está pouco desenvolvido e, portanto, pouco preparado para a morte, deve-se preferir o enterro, embora às vezes neste se cometam erros deploráveis, ao sepultarem-se pessoas vivas, que apenas estão num estado letárgico. Apesar disso, deve-se preferi-lo à cremação, pois permite ao espírito do indivíduo que estava muito agarrado a tudo o que era material, que este se desligue lenta e gradualmente do corpo; mas o enterro deve estar sempre rodeado de precauções. Entre nós, os sepultamentos são feitos com muita precipitação…


E para finalizar, nada melhor do que dar a palavra ao Benfeitor Emmanuel, que na questão 151 d´O Consolador, afirma: “Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres, adiando durante mais horas (72h) o acto da destruição dos restos materiais pois, de certo modo, nas primeiras horas que se seguem ao desenlace, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo de onde extinguiu o tónus vital, devido aos fluidos orgânicos que ainda empurram a alma para as sensações da existência material”


Referencia: Nelson oliveira e souza

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