terça-feira, 3 de julho de 2007

operações espirituais


Operações espirituais: como acontecem
José Queid Tufaile Huaixan


A maioria das pessoas, espíritas ou não, já ouviu falar das "operações invisíveis". Segundo se entende, elas seriam intervenções cirúrgicas no perispírito, realizadas por equipas de médicos desencarnados.


Será que isso é possível? Este tipo de auxílio espiritual poderia ser implantado rotineiramente no centro espírita? Haveria algum impedimento legal ou doutrinário a ser observado?


Como se vê, são muitas as indagações que se podem fazer em torno do assunto. A finalidade deste estudo é encontrarmos respostas a tais perguntas, tendo em vista nosso aprendizado e a melhoria dos serviços mediúnicos prestados ao povo.


Nas actividades do Grupo Espírita Bezerra de Menezes, temos tido a oportunidade de verificar mediunicamente o trabalho de uma equipe espiritual, que nos parece composta por médicos-cirurgiões.


Observamos suas actividades durante alguns anos e concluímos que prestam importante serviço no campo do alívio e cura das enfermidades. Fundamentados nessa experiência e no raciocínio acerca dos fundamentos doutrinários, afirmamos que as operações cirúrgicas no perispírito são perfeitamente possíveis de serem realizadas pelos desencarnados, e que geralmente não são aceitas pelas sociedades por causa de preconceitos e de suas consequências morais.


O perispírito


Allan Kardec, quando realizou seu trabalho na Codificação, colocou a existência do corpo espiritual como um dos alicerces no qual se assentava a fenomenologia espírita.
Chamou este corpo de perispírito, classificando-o como o elo invisível a unir o princípio espiritual ao princípio material. Sem ele, o Espírito, fundamentalmente abstracto, não poderia agir sobre a matéria, ficando impossibilitado de encarnar-se. Procuremos agora, compreender a natureza deste corpo fluídico.


O que diz Allan Kardec?


Em várias ocasiões, o Codificador esteve avaliando a constituição do perispírito. Suas conclusões apontam o corpo espiritual como sendo o elo que transmite o desejo do espírito ao corpo material. Em um de seus estudos, publicado na Revista Espírita, número de Março de 1866, intitulado "Introdução ao Estudo dos Fluidos Espirituais", Kardec demonstra que o corpo material e o espiritual são provenientes da mesma fonte, isto é, do fluido básico universal.


O que diz a Codificação?


A Codificação espírita revelou questões básicas a respeito de todos os pontos importantes para quem pratica o Espiritismo. Consultamos "O Livro dos Espíritos" e encontramos colocações capazes de nos apontar rumos no estudo proposto. Essas questões dão a entender que o perispírito é algo mais que uma massa fluídica homogénea. Na questão 137, Kardec pergunta se poderia haver uma divisão do Espírito quando fosse reencarnar.


Pergunta: - O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos diferentes?


Resposta: "Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes".


A questão 140, logo à frente, indaga o seguinte:


Pergunta: - Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma as diferentes funções do corpo?


Resposta: "Isso depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se o Espírito quando encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível: ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir".


Quando Kardec coloca a questão 140, pergunta da possibilidade de o Espírito se dividir em tantas partes quantas fossem os órgãos do corpo. Referindo-se à pergunta anterior, o Espírito de Verdade responde que tudo dependia do sentido que se atribuía à palavra "alma". Se por ela se entendia o fluido vital, estava certo. Quer dizer, haveria uma divisão fluídica dos fluidos perispirituais em torno dos órgãos materiais. Se por ela se entendia o "Espírito", estava errado, pois tinha afirmado anteriormente que o Espírito era indivisível.


Na questão 140-A, Kardec complementa:


"A alma age por meio dos órgãos, e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e com mais abundância nos que são os centros ou focos do movimento".
Fica evidente que o perispírito não seria um todo fluídico homogéneo, como comumente se pensa.
Perguntamos: essas massas fluídicas em que Kardec afirma dividir-se o perispírito seriam órgãos fluídicos? A resposta a esta questão estaria embutida em estudos e revelações espirituais vindas no futuro.


O que disseram as obras subsidiárias?


Em termos de obras complementares, optamos pela citação das psicografadas por Francisco Cândido Xavier, dado à idoneidade do médium. Em varias partes do seu trabalho, os Espíritos que o assistem revelaram tratar-se o perispírito de uma organização fluídica complexa e que o corpo carnal seria um grosseiro reflexo do corpo espiritual. Vejamos o que diz André Luiz, no livro "Evolução em Dois Mundos":


"Para definirmos, de alguma sorte, o corpo espiritual, é preciso considerar, antes de tudo, que ele não é reflexo do corpo físico, porque na realidade, é o corpo físico que o reflecte, tanto quanto ele próprio, o corpo espiritual, retrata em si o corpo mental que lhe preside a formação" (Corpo Espiritual, pág.25).


"Todos os órgãos do corpo espiritual e, consequentemente, do corpo físico, foram, portanto, construídos com lentidão, atendendo à necessidade do campo mental em seu condicionamento e exteriorização no meio terrestre" (Génese dos Órgãos Psicossomáticos, págs.40/41).
Como se vê, há indícios patentes de que o perispírito seria um organismo complexo, dotado de células e de tecidos e, o que é interessante, de órgãos funcionais, como aqueles que temos no corpo físico.


Mas, será que são reais? Sim, afirmamos. São tão reais como os do corpo carnal, constituído por uma realidade mais densa. Tanto um como o outro, no entanto, são obras milenares construídas pelo pensamento do espírito na sua ascensão para Deus.


As ocupações dos Espíritos


A Doutrina Espírita revela que os espíritos, depois de sua desencarnação, ocupam-se, na Espiritualidade, das mesmas actividades que eles desempenhavam em vida. A causa primeira desta preocupação estaria no condicionamento imposto ao Espírito pela sua experiência na matéria. Depois, pela sua própria vontade em servir dentro do campo de seus conhecimentos.
A Revista Espírita, no ano de 1865, narra um episódio onde ocorre o desencarne do Dr. Antoine Demeure, um médico com quem Kardec correspondia. Em mensagens na Revista, a entidade fala de suas condições no mundo espiritual, revelando que no Além continuava cuidando de enfermos, como o fazia na Terra.


Numa carta vinda de Montauban, publicada por Kardec, um correspondente narra um trabalho de cura orgânica feito pelo médico/espírito Demeure durante uma sessão mediúnica. Nela, ocorre a cura instantânea de um grave entorse que incomodava uma vidente.
É natural que, desencarnados, os médicos se ocupem em ajudar aqueles que estão enfermos, no Além como na Terra.


No livro "Evolução em Dois Mundos", página 213, há uma questão ventilada por André Luiz, cujo teor fala da Medicina no Mundo dos Espíritos.


Pergunta - Quais os principais métodos usados na Espiritualidade para o tratamento das lesões do corpo espiritual?


Resposta: Na Espiritualidade, os servidores da medicina penetram, com mais segurança, na história do enfermo para estudar, com êxito possível, os mecanismos da doença que lhe são particulares. Aí os exames nos tecidos psicossomáticos com aparelhos de precisão, correspondendo às inspecções instrumentais e laboratoriais em voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia, antes da nova reencarnação, motivo por que numerosos doentes são tratáveis, mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente pelo contacto directo com as lutas em que se configuram".


Como se pode ver, nos círculos espirituais mais próximos da Terra, acontecem actividades médicas similares àquelas que se observam nos hospitais terrenos. Ora, se o perispírito de um desencarnado pode sofrer uma cirurgia, obviamente o de um encarnado também o pode. Inúmeras observações mediúnicas feitas na história do Espiritismo apontam curas orgânicas realizadas por médiuns. Nestes trabalhos, os espíritos operadores falaram destas cirurgias e das formas como elas se processavam.


Fluidoterapia


A fluidoterapia é a técnica de tratamento utilizada nos centros espíritas. As cirurgias perispirituais pertencem a este campo, devido serem actividades ligadas à manipulação dos fluidos. Classificam-se, porém, por fenómenos dotados de características próprias, tanto em termos fluídicos como espirituais. Estão intimamente ligadas à mediunidade curadora e, por isso, a equipe que as produz deverá ter entre seus membros a presença de um ou mais médiuns curadores. Estes, serão assistidos por entidades desencarnadas, ligadas ao campo da medicina, conhecedoras dos meandros da saúde espiritual e da lei de causa e efeito.


Quando se considera o trabalho de passes, a magnetização não exige nenhuma condição especial.
Qualquer pessoa poderá ministrá-los de forma razoável. Já a cirurgia espiritual só poderá ser realizada por espíritos especializados nesta área.
Pode-se afirmar que o passe está para a cirurgia espiritual assim como o trabalho de um farmacêutico está para o de um médico. Enquanto um ministra uma medicação o outro faz o diagnóstico da enfermidade, prescreve a medicação ou realiza uma cirurgia na recuperação do corpo enfermo.


Mecanismos da fluidoterapia


Na fluidoterapia a movimentação fluídica ocorre através da vontade do médium e dos espíritos que o circundam. Sua acção benfazeja contribui para afastar do enfermo parasitas fluídicos, espíritos enfermos ou obsessores e contaminações magnéticas que oprimem a vida mental, impedindo-a de sintonizar com as regiões mais elevadas.


Ainda nas enfermidades graves, o passe convencional mostra-se benéfico, porque o perispírito, à semelhança de uma esponja, absorve os fluidos espirituais que nele são depositados. Sua entrada na camada perispiritual é facilitada pela sintonia vibratória entre a fonte e o emissor. Fundamentados no que disse Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, acreditamos que o perispírito traz em si, um mecanismo de automação espiritual, onde os fluidos se concentram nas regiões mais carentes da estrutura. É uma acção parecida com a dos anticorpos da organização física, nos casos de infecções.


Nas contaminações com baixo magnetismo, obsessões ou influencia de espíritos sofredores, o passe produz um alívio imediato de sintomas e, por esta razão, deve ser ministrado rotineiramente nas casas espíritas.


A natureza do mundo espiritual


No movimento espírita transitam algumas ideias limitadas a respeito da natureza do mundo espiritual. Geralmente, pensa-se que o mundo invisível é uma região de abstracção, onde as formas são revestidas de fluidos ténues. Tal pensamento foi fortalecido pela revelação feita pelos espíritos, dizendo que os fluidos são modificáveis pela acção do pensamento.
Sim, os fluidos espirituais sofrem as impressões do pensamento, modificando-se segundo sua natureza, mas devemos ter o cuidado de não carregarmos essa ideia com os excessos da imaginação. Se a influência fosse tão intensa como querem alguns, pela imensa variedade de almas desencarnadas existentes no Além, tal mundo não teria estabilidade alguma e estaria em constante mutação. O mundo invisível é estável e tão palpável quanto o terreno.
Allan Kardec, em "A Génese", demonstra por uma série de raciocínios a ponderabilidade das regiões espirituais. É evidente que todos os objectos encontrados na Espiritualidade são produtos do pensamento de alguém que os criou, mas nem por isso deixam de ser reais. O Universo material, por exemplo, é uma criação do pensamento Divino, e nos parece muito real.
Por este raciocínio, queremos entender a possibilidade da existência no mundo invisível de instrumentos cirúrgicos, os quais têm sido observados nas operações no corpo astral.
Sobre a grande oficina da vida espiritual, Kardec assim se refere em "A Génese", capítulo XIV, item 14.


"Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não que os manipulem como os homens manipulam os gases, mas com o auxílio do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem a tais fluidos esta ou aquela direcção; eles os aglomeram, os combinam ou os dispersam; formam com esses materiais, conjuntos que tenham uma aparência, uma forma, uma cor determinadas; mudam suas propriedades como um químico altera as propriedades dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo determinadas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual".


Podem os Espíritos de médicos construírem, com seus pensamentos, instrumentos cirúrgicos, como os que eram utilizados por eles em vida corpórea? Tudo indica que sim. Vejamos uma vez mais, as palavras do Codificador, no mesmo item.


"O pensamento do Espírito cria fluidicamente os objectos dos quais tem o hábito de se servir; um avaro manejará o ouro, um militar terá suas armas e seu uniforme, um fumante, seu cachimbo, um trabalhador seu arado e seus bois, uma mulher velha, seus aparelhos de fiar. Esses objectos fluídicos são tão reais para o Espírito, o qual é fluídico também, como o eram no estado material para o homem vivo; porém, pela mesma razão de que são criados pelo pensamento, sua existência é também fugitiva como o pensamento".


Concluí-se, pois, que a vida dos espíritos livres só pode ter similaridade com a existência terrena, devido a esta propriedade que tem o pensamento de agir no universo fluídico, criando as formas. De outro modo, teríamos o nada.


Causa das enfermidades


Quanto à origem das enfermidades, podemos classificá-las como sendo provenientes de duas fontes. Numa, a causa do mal reside na alteração da estrutura orgânica, provocada por uma causa física qualquer. Na outra, temos um tipo de enfermidade, onde fluidos espirituais impregnados de baixo magnetismo, actuam no corpo espiritual causando desarmonia no funcionamento do corpo físico. A primeira fonte de enfermidades é objecto de estudo da medicina humana. A segunda, deveria ser preocupação dos estudiosos da ciência espírita, uma vez que a terrena ainda não aceita a existência do mundo invisível.


O centro espírita ainda é o lugar onde Deus pode exercer através dos Espíritos a medicina espiritual para benefício dos que sofrem.
Kardec afirma que a maioria das moléstias, como todas as misérias humanas, são expiações do presente ou do passado, ou provações para o futuro.
Não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação até o fim. Isto não quer dizer, que se deva deixar o enfermo ao abandono para que sofra as expiações do seu carma. Às vezes, está em nossas mãos a tarefa de fazer cessar o sofrimento daqueles que nos procuram, fazendo uso da metodologia espírita.


A operação espiritual


O mecanismo da cura não é difícil de ser compreendido, pois é conhecido de todos. Nas enfermidades localizadas no corpo carnal, o processo terapêutico convencional, através de medicação, procura substituir as moléculas desorganizadas, enfermiças, por outras saudáveis. Isto se faz com o uso da química farmacêutica e, em alguns casos, pela conduta cirúrgica.
Nas doenças provenientes do corpo espiritual o processo curativo é exactamente o mesmo, só que realizado por médicos desencarnados. Livres da matéria, os Espíritos podem se encarregar desta tarefa com precisão, pois a tudo penetram com facilidade. Neste último caso, as moléculas substituídas são as do perispírito, causando consequências directas na organização física. A este processo chamamos "operação espiritual".


Os Espíritos Superiores, ligados à área da medicina, realizam as actividades curativas, tendo em vista o alívio do sofrimento dos enfermos que buscam conforto nas casas de caridade.
Como organizar uma sessão destinada às curas espirituais?


Todas as casas espíritas podem promover reuniões com a finalidade única de atender aos doentes do corpo. No movimento espírita, de um modo geral, não há especialização em nenhum sector da prática doutrinária. Tudo fica na dependência de que o Alto faça sua caridade, quando e como bem entender. Temos afirmado que há uma necessidade urgente dos centros espíritas promoverem em seus quadros de serviços, uma reforma visando torná-los produtivos. O núcleo que tiver disponibilidade, deve especializar-se, utilizar o Espiritismo para atender quem precisa de ajuda.


Sabemos que todo o trabalho espírita fundamenta-se na movimentação de fluidos impregnados de magnetismo. A natureza deste magnetismo está intimamente ligada às qualidades morais das pessoas e dos espíritos envolvidos.


Um trabalho onde se propõe produzir fenómenos de curas é bem diferente daqueles onde se trata especificamente da obsessão. Nas reuniões onde se cuidam de pessoas alteradas emocionalmente, ou perturbadas por espíritos inferiores, é certo que haverá ali a presença do magnetismo inferior.


Nas reuniões de curas, onde acontecerá uma operação de reposição molecular e expulsão de miasmas da estrutura íntima da matéria, os fluidos a serem utilizados serão de natureza fina, impregnados do magnetismo superior.


O mais sensato, pois, é organizarmos as sessões de curas num dia apropriado para ela. Não devemos misturar os trabalhos de curas com os de desobsessão.


Kardec diz que em alguns casos, as enfermidades podem ter como causa primária a obsessão. Nestes casos, quando se detectar influências obsessivas, o paciente deverá receber cuidados nas duas áreas assistenciais, com predominância no sector desobsessivo. Como não há indícios de que um médium tenha a faculdade de curar, as equipes interessadas nestas actividades devem formar um grupo para ministrar o passe curativo. Aqueles em que pesar a suspeita de serem doadores específicos, devem ser experimentados nas sessões de curas.


Todos os sintomas, o procedimento de tratamento e resultados devem ser controlados de modo a se ter ideia se os métodos estão funcionando a contento. Os médiuns curadores devem evitar o toque físico no paciente. Não é necessário que isto aconteça para que se processe o fenómeno curativo.


A acção magnética será simplesmente aquela que se faz no passe, ou seja, imposição das mãos por tempo mais ou menos determinado. Em alguns grupos, utiliza-se um divã para deitar os pacientes que exijam uma magnetização mais intensa.
O paciente é submetido a um primeiro atendimento, feito pelo grupo principal, voltado exclusivamente neste dia para os trabalhos de cura. Depois, semanalmente, continua recebendo passes nas sessões que se seguem à evangelização. Este serviço é feito pelos médiuns passistas comuns. Cada sociedade deve criar seu método e avaliar os resultados.


É ilegal curar no centro espírita?


Sim, é ilegal do ponto de vista jurídico. As leis são normas de vida que são feitas com a finalidade de orientarem a conduta do homem. A legislação diz que para se exercer o direito de curar um enfermo, uma pessoa tem que ser devidamente habilitada para isso. A humanidade conta com universidades destinadas à formação de médicos profissionais nos muitos sectores da saúde. Seria uma falta de senso, se a sociedade aprovasse a acção impensada de uma pessoa, que se propusesse curar seu próximo, simplesmente porque crê ter poderes para isso.


E nós espíritas, como ficamos em face desta ilegalidade? É simples. As mesmas leis que proíbem a prática ilegal da medicina, também nos facultam o direito de culto, protegendo o ambiente religioso onde se professam as crenças.


O Espiritismo é uma religião e devemos deixar claro que nossos trabalhos de assistência aos enfermos são objectos da fé que os homens têm em Deus e na assistência dos Espíritos.
Se não há o uso de qualquer instrumentação material; se não ocorre a prescrição de medicamento; se não há cobrança por assistência prestada; se não há promessas de curas; não existe como acusar legalmente um centro por prática de curandeirismo.


Os trabalhos de curas devem ser desenvolvidos dentro do âmbito religioso. Na sociedade onde trabalhamos, fixamos uma placa logo na entrada do centro, informando a natureza do trabalho desenvolvido, de modo que não haja enganos quanto à natureza religiosa da assistência espiritual.


Na história do Espiritismo houve médiuns curadores que vieram desenvolver um trabalho curativo a que se denomina "missão". Estes médiuns aparecem de tempos em tempos, com suas operações chocantes, e vêm exercer um papel de chamar a atenção da ciência materialista para a existência da alma. Operam o corpo carnal utilizando instrumentos cortantes, sem anestesia ou assepsia. Estes médiuns encarnam-se preparados para viver a espinhosa tarefa e acabam processados e presos pelas leis terrenas. Estes, devem cumprir suas missões.
O serviço de assistência a enfermos, proposto aqui neste trabalho, nada tem de ilegal. Pode ser realizado por qualquer núcleo espírita.


O preconceito


As operações espirituais são técnica e racionalmente concebíveis, como demonstramos em nossos escritos. Por que motivo são alvo de preconceitos por espíritas e médicos espíritas? Tudo acontece simplesmente por razões morais.
Allan Kardec demonstra que os médiuns curadores formam uma categoria à parte de doadores fluídicos. Seria lógico que estes indivíduos, à medida que se suspeitasse de suas faculdades, fossem encaminhados para uma sessão apropriada, onde o atendimento aos enfermos fosse a meta. Mas, não é isso o que acontece. Em nome da caridade, resolve-se manter as aparências, instituindo a ideia de que todos são iguais e que a formação de classes especializadas em determinados serviços, levaria seus participes à ideia de engrandecimento.


Essa questão, em verdade, tem dois lados. Num, estão os médiuns que sem conhecerem a Codificação, ou estando mal orientados, pensam que as curas promovidas por seu intermédio são produtos de sua grandeza espiritual. Não possuem consciência de que o dom que lhes foi dado, poderá ser tirado a qualquer instante. É a ignorância.


No outro lado, estão as pessoas que se sentem rebaixadas e humilhadas, quando alguém faz alguma coisa que elas, por seus limites, não são capazes de fazer. É o orgulho.


Uma vez mais, a ausência de metodologia administrativa racional leva a opção pela pseudo-igualdade. Estabelece-se que todos são iguais e que qualquer um pode fazer qualquer coisa, desde que em nome de Jesus. O resultado desta política, é que quase nada acontece em termos de curas.


Finalidade dos trabalhos de curas


No movimento espírita existe uma ala de seguidores que afirma serem os trabalhos de cura uma actividade dispensável. Segundo eles, o Espiritismo teria vindo ao mundo para curar as almas e não os corpos perecíveis. Trata-se de uma filosofia belíssima, porém, comporta algumas observações.


Se o Espiritismo é o cristianismo revivido, e à época de Jesus ele promovia curas em nome desta Doutrina, por que motivo nós que somos seus discípulos não o podemos fazer? Por que Jesus utilizava-se deste poderoso recurso? Qual a finalidade dos trabalhos curativos? Ora, sabemos que o Mestre tornou-se conhecido mundialmente por seus "milagres", não por sua doutrina. Isto por quê? Pelo facto de que o homem terreno, em vista do seu atraso, apega-se aos interesses imediatistas. Não daria ouvidos a nenhuma filosofia, que não lhes falasse às suas necessidades materiais.


Os homens de hoje são diferentes da época em que viveu Jesus? Não, não são. Há um indiscutível progresso tecnológico, mas, moralmente, o homem pouco mudou. Se vamos nos dirigir à sociedade, temos que oferecer a ela algo ligado às suas necessidades imediatas, para despertar-lhe o interesse.


Quando o centro produz em termos de desobsessão e alívio das enfermidades físicas, há grande procura por seus serviços. O contacto com as pessoas nos dá oportunidade para levarmos até elas o conhecimento da Doutrina.


É o mesmo trabalho que Jesus Cristo e os apóstolos desenvolviam. Pode-se afirmar, sem sombras de dúvidas, que o Espiritismo não sobreviveria sem seus fenómenos mediúnicos. Alguns trabalhadores colocam-se na cómoda posição de discípulos incapazes. É um outro erro. Jesus era o Mestre, porém, afirmou que seus seguidores fariam obras iguais as suas ou maiores que elas.


Acreditamos, pois, que as actividades assistenciais a nível mediúnico são de fundamental importância para a sobrevivência do centro espírita como posto a serviço da Espiritualidade. A cura física se encaixa perfeitamente na finalidade misericordiosa e iluminadora do cristianismo e, por extensão, do Espiritismo.


"A mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar que há coisas que eles não sabem e os convidar para estudá-las; que a natureza tem recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual que eles desconhecem, não é uma quimera, e que, quando o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos do que agora" (Allan Kardec, Revista Espírita, Novembro de 1866).

Um comentário:

Anônimo disse...

Ola amiga. Como sempre um trabalho extraordinário. Carregado de verdade, amor, realidade. E como é importante que o mundo a conheça e que acorde desse marasmo em que vive, para se dedicar ao estudo e reflexão sobre si próprio e a realidade que o rodeia e alcança a breve trecho , pois se insiste em não ver....
Pior é o cego que não quer ver e o surdo que não quer ouvir.
Com a Graça de Deus tenho sido abençoada com essa ajuda Divina.
Pois Deus não abandona nunca seus filhos.E temos que acreditarsempre no Amor que tudo cura.
Que a tua participação na iluminação do caminho dos homens chegue longe.
Bem hajas.