sexta-feira, 29 de junho de 2007

Médiuns sonâmbulos


Médiuns Sonâmbulos


172. O sonambulismo pode ser considerado como uma variedade da faculdade mediúnica, ou melhor, trata-se de duas ordens de fenómenos que se encontram frequentemente reunidos. O sonâmbulo age por influência do seu próprio Espírito. É a sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos limites dos sentidos. O que ele diz procede dele mesmo. Em geral, suas ideias são mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos são mais amplos porque sua alma está livre. Numa palavra, ele vive por antecipação a vida dos Espíritos. (15)


O médium, pelo contrário, serve de instrumento a outra inteligência. É passivo e o que diz não é dele. (16) Em resumo: o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento e o médium exprime o pensamento de outro. Mas o Espírito que se comunica através de um médium comum pode também fazê-lo por um sonâmbulo. Frequentemente mesmo o estado de emancipação da alma, no estado sonambúlico, torna fácil essa comunicação. Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com a mesma precisão dos médiuns videntes. Podem conversar com eles e transmitir-nos o seu pensamento. Assim, o que eles dizem além do círculo de seus conhecimentos pessoais lhe é quase sempre sugerido por outros Espíritos.


Eis, a seguir, um exemplo notável da acção simultânea do Espírito do sonâmbulo e do outro Espírito, que se revelam de maneira inequívoca.


173. Um dos nossos amigos usava como sonâmbulo um rapazinho de 14 para 15 anos, de inteligência bastante curta e de instrução extremamente limitada. Em estado sonambúlico, porém, dava provas de extraordinária lucidez e grande perspicácia. Isso principalmente no tratamento de doenças, tendo feito numerosas curas consideradas impossíveis.


Certo dia, atendendo a um doente, descreveu a sua moléstia com absoluta exactidão — Isso não basta, lhe disseram, agora é necessário indicar o remédio — Não posso, respondeu ele, meu anjo doutor não está aqui — A quem chama você de anjo doutor? — Aquele que dita os remédios — Então não é você mesmo que vê os remédios? — Oh! não, pois não estou dizendo que é o meu anjo doutor quem os indica?
Assim, nesse sonâmbulo, quem via a doença era o seu próprio Espírito, que para isso não precisava de assistência. Mas a indicação dos remédios era feita por outro Espírito. Se esse não estivesse presente, ele nada podia dizer. Sozinho, ele era apenas sonâmbulo; assistido pelo que ele chamava de seu anjo doutor, era médium-sonâmbulo.


174. A faculdade sonambúlica é uma faculdade que depende do organismo e nada tem que ver com a elevação, o adiantamento e a condição moral do sujeito. Um sonâmbulo pode, pois, ser muito lúcido e incapaz de resolver certas questões, se o seu Espírito for pouco adiantado. O sonâmbulo que fala por si mesmo pode dizer, portanto, coisas boas e más, certas ou falsas, usar de maior ou menor delicadeza e escrúpulo no seu procedimento, segundo o grau de elevação ou de inferioridade do seu próprio Espírito. É nesse caso que a assistência de outro Espírito pode suprir as suas deficiências.


Mas um sonâmbulo pode ser assistido por um Espírito mentiroso, leviano, ou até mesmo mau, como acontece com os médiuns. Nisto, sobretudo, é que as qualidades morais têm grande influência, por atraírem os Espíritos bons. (Ver O Livro dos Espíritos, tópico Sonambulismo, nº 125; e neste livro o capítulo sobre Influência Moral do Médium.)


(15) A hipótese de projecção do eu, hoje sustentada por alguns psicólogos e parapsicólogos, é uma evidente aproximação deste princípio espírita. A independência da alma vai aos poucos se confirmando. (N. do T.)


(16) Não confundir a passividade voluntária do médium, que presta serviço ao Espírito comunicante, com a passividade hipnótica, por sujeição, de que alguns adversários do Espiritismo acusam a mediunidade. (N. do T.)


Referência: O livro dos médiuns

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