segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Feliz livro novo




Quando 2014 começou, ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos...
Você podia fazer dele o que quisesse..

Era como um livro em branco, e nele você podia colocar:

um poema, um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração.

Podia...
Hoje não pode mais. Já não é seu.
É um livro já escrito... Concluído.

Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será lido, com todos os detalhes, e você não poderá corrigi-lo.

Estará fora de seu alcance.

Portanto, acabado de terminar 2014 reflita, tome seu velho livro e o folheie com cuidado. Deixe passar cada uma das páginas pelas mãos e pela consciência; faça o exercício de ler a você mesmo.

Leia tudo...

Aprecie aquelas páginas de sua vida em que você usou
seu melhor estilo. Leia também as páginas que gostaria de nunca ter escrito.

Não, não tente arrancá-las. Seria inútil. Já estão escritas. Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que lhe será entregue.

Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu,
e evitar repetir as ruins.

Para escrever o seu novo livro, você contará novamente com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.

Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije-o. Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o nas mãos do Criador.

Não importa como esteja...

Ainda que tenha páginas negras, entregue e diga apenas duas palavras:

Obrigado e Perdão!!!

E agora que 2015 chegou, lhe foi entregue outro livro, novo, limpo, branco, todo seu, no qual você irá escrever o que desejar...

Feliz Livro Novo. Escreva uma linda história em 2105

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Ferrugem na alma

Certo dia Vera entrou em casa cheia de raiva, e reclamou para a mãe: — Não suporto mais a Carla, mamãe! Tudo que eu quero fazer ela não aceita. Se eu quero pular corda, ela quer brincar de casinha; se quero brincar com boneca, ela quer passear de bicicleta. Assim não dá! Não brinco mais com ela! Tentando acalmá-la, a mãe lembra: — Mas vocês sempre foram tão amigas, Verinha! Procure saber o que está acontecendo com ela. Tenha paciência, filha. — Não, mamãe, chega! Não falo mais com a Carla. Não vou perdoá-la nunca! A mãe percebeu que, naquela hora, não adiantava dizer nada; a filha estava nervosa. Apenas abraçou-a com amor, para deixá-la mais tranquila. Alguns dias se passaram. Vera e Carla continuavam brigadas. Certo dia, Carla foi até a casa da amiga e bateu à porta. A mãe de Verinha veio atender, satisfeita ao vê-la: — Que bom, Carla! Entre, vou chamar Verinha — disse, saindo da sala para avisar a filha de que tinha visita. A menina veio correndo. Mas, ao ver que era Carla, ficou vermelha de raiva e gritou:

 — Saia da minha casa. Não quero vê-la. Estou com raiva de você. Carla levou um susto diante daquela reação que não esperava, e saiu correndo a chorar e gritar que nunca mais voltaria ali. A mãe olhou para a filha com expressão de tristeza e disse: — Espero que você saiba o que está fazendo, filha. Acaba de perder uma amizade por orgulho. Vera correu para seu quarto, triste. Durante muitos dias, ela não conseguia se perdoar pelo que tinha feito à amiga. Certo dia, vendo que a filha estava sofrendo bastante, a mãe levou-a até o quintal e mostrou-lhe a bicicleta nova que ela não mais usara. — Veja, filha! Sua bicicleta está começando a ficar com ferrugem! — O que é ferrugem, mamãe? A mãe explicou que ferrugem é uma substância que corrói o ferro, estragando-o. E que isso estava acontecendo porque a filha não estava dando atenção à sua bicicleta, não dava banho nem saía com ela. Enfim, que Vera a tinha abandonado! Preocupada, pois gostava muito da bicicleta, Vera perguntou: — E como faço para tirar a ferrugem, mamãe? — É preciso limpar bem a bicicleta, depois lavá-la e enxugá-la com cuidado. Em seguida, passar um produto que combate a ferrugem. Verinha, resolvida, pegou pequena bacia com água, um pedaço de sabão e uma esponja. Depois, pôs-se a lavar sua bicicleta. Ao terminar, a bicicleta já estava com outra aparência, bem mais bonita. Satisfeita, a menina pediu à mãe o líquido contra a ferrugem, que ela trouxe e orientou a filha como aplicá-lo. Assim, Vera molhou um pano limpo no líquido e foi passando em toda a bicicleta, em especial onde a ferrugem tinha atacado mais. Ao acabar, a bicicleta estava linda e brilhava! Satisfeita, Verinha olhou para a mãe, que sorriu: — Sua bicicleta está realmente parecendo nova, filha. Você fez um belo trabalho!

 Vera sentou-se num banquinho e ficou olhando a bicicleta. A mãe, aproveitando o momento, explicou: — Verinha, você sabe que a ferrugem também ataca a alma? A menina olhou espantada para a mãe, que prosseguiu: — Sim, filha! Quando deixamos que sentimentos negativos dominem nosso coração e nossa mente, é como ferrugem na alma! A falta do perdão é um deles, que ataca nosso íntimo corroendo nossa boa disposição. Verinha pensou um pouco, entendendo o que a mãe quis dizer, e indagou: — E qual é o produto que limpa essa ferrugem da alma, mamãe? — É o AMOR, filha. Só o amor pode modificar nossos sentimentos. Através da compreensão, do perdão, da generosidade, retira a ferrugem da nossa alma, fazendo com que possamos brilhar de novo. A filha mostrou que tinha entendido. Depois, disse à mãe que ia à casa da sua amiga Carla. Comovida, a mãe abraçou sua filha, concordando: — Acho que deve mesmo ir visitá-la, Verinha.

 A menina correu até a casa de Carla, que morava bem perto. Ela veio abrir a porta e, ao ver Verinha, sorriu satisfeita. Verinha pediu: — Carlinha, você me perdoa pelo que lhe fiz? Não sabia o que estava fazendo para mim mesma! Quer voltar a ser minha amiga? Surpresa, Carla respondeu: — Claro que quero ser sua amiga. Aliás, nunca deixei de ser. Foi você que se afastou de mim. Mas o que aconteceu para você mudar de ideia, Verinha? — Ah! É que descobri que não era só minha bicicleta que estava enferrujada; eu também tinha ferrugem na alma! Mas, depois eu lhe conto tudo direitinho! Agora, vamos brincar? — Claro, Verinha! Vamos brincar sim! Do que você quer brincar? — Pode escolher, Carla! Não faço questão. — Ah! Você mudou mesmo! E o que é essa tal de “ferrugem na alma”? Nunca ouvi falar! — É quando o rancor toma conta do nosso coração e deixamos de amar às outras pessoas. E assim, conversando alegremente, elas resolveram fazer um passeio de bicicleta pelo quarteirão. Ambas estavam felizes e a amizade voltara a brilhar dentro delas.

 MEIMEI (Recebida por Célia X. de Camargo, em 16/6/2014.)
 Fonte: Revista "O Consolador"